sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ponto de vista

- Se nos apaixonássemos, seria algo grandioso.
- Por quê?
- Porque as pessoas egoístas, de certo modo, são incrivelmente capazes de grandes amores.

Este lado do paraíso, F. Scott Fitzgerald

Grandes amores.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

E se você ficasse dessa vez?



Você ainda não viu? Veja urgente. Viu e não gostou muito? Veja de novo agora.
Esse é o filme que eu gostaria de ter feito. Pensei em escrever alguma coisa sobre ele, mas isso requer muita inspiração. Enquanto isso, deixo pra vocês um pedacinho do que surpreendentemente foi a história de amor mais bonita que eu já vi nos últimos tempos...(e faz bastante tempo que eu assisti da primeira vez).
Enjoy!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Too late...

"She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My fake plastic love
But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run"


Radiohead

Isabel passou a vida toda apaixonada pelo mesmo homem. Não que não tenha tido outras paixões ao longo da vida, mas essa foi a única que nunca acabou. Talvez não tenha acabado justamente porque não foi até o fim, não deu pra sugar até a última gota de amor, como acontece com os namoros e casamentos.

Eles nunca namoraram, na verdade. Não teoricamente. Tiveram um caso que começou quando ela tinha seus dezoito anos, e que nunca acabou. Casaram com outras pessoas, tiveram filhos. Isabel carregava aquele amor como quem guarda uma foto da avó na carteira ou um pingente que usou na adolescência. Aquela coisa boa de olhar, de lembrar. Quando tudo parecia estar dando errado colocava uma das músicas que lembravam algum momento dos dois, passava o perfume dele. Não precisava de drogas, a vida voltava ao normal, sentia-se mais feliz.

Nunca doeu. Falavam-se quase sempre, conversavam trivialidades, você leu isso, como anda o trabalho, alguma novidade, faziam umas gracinhas, se refugiavam nas ironias bobas. Às vezes a saudade esquecia os limites e ela fazia uma visita. Nunca deixou de ser um grande acontecimento olhar naqueles olhos, ouvir a gargalhada tímida, querer acreditar na alegria que ele sentia ao vê-la. Sentavam, conversavam, riam abobalhados, mas sempre parecia que alguém estava prestes a explodir. Isabel só conseguia pensar em beijar o rosto, a boca, as mãos. Queria tocar o corpo dele, seria capaz de passar o dia inteiro deitada olhando e tocando cada detalhe que ela conhecia tão bem.

Sua maior frustração não era a de nunca ter conseguido virar nada oficial: namorada, noiva, mulher... a maior frustração era a de nunca ter conseguido ter certeza do que ele sentia. Ela gostava de sentir aquela emoção toda, aquele amor profundo, que era até egoísta. Isabel adorava saber que longe de tudo, indiferente a qualquer pedaço de sua vida, aquele amor estaria sempre lá enquanto ela quisesse.


Faltava só a certeza de que em algum momento ele amou também. Em algum momento ele sentiu sua falta, ele quis beijá-la mesmo sabendo que não havia a menor possibilidade disso acontecer. Nunca cogitou a possibilidade de casarem, por exemplo. Na verdade ela era bem feliz em seu casamento. O bom de tudo isso era saber que o homem que ela tanto amava estaria pra sempre na quarta dimensão.

Contudo, restava a dúvida. Tinha medo de morrer sem jamais saber o que significavam pra ele todos aqueles anos. Queria ao menos receber uma carta, um texto, um poema, algo escrito por ele sobre ela. Disso ele sabia, mas nunca escreveu.

Um dia, Isabel esqueceu. Bastou acordar um dia e inventar que não havia retribuição, que não havia sentido. Chorou por cada ano, cada culpa que sentiu, cada mentira que contou, cada ilusão, sonho, amaldiçoou sua imaginação. Esqueceu.

Passaram-se meses e um dia se encontraram no sinal. Moravam e trabalhavam no mesmo bairro, mas nunca haviam se encontrado. Olharam-se. Isabel sorriu. Os olhos dele se encheram. Eu amo você. Os olhos dela se fecharam. O sinal abriu. Nunca mais se falaram.